Se eu fechar os olhos agora

Não me lembro de ter tido uma amizade arrebatadora aos 12 anos. Um daqueles amigos com quem você faz pacto de sangue, por quem arrisca a própria vida. Não me lembro, também, de ter dividido com um amigo – ainda aos 12 anos – aventuras de gente grande. Faço essa confissão com uma pontinha de inveja da infância que viveram Paulo e Eduardo: uma infância dura. E doce.

Hyères, 1932, de Henri Cartier-Bresson

Os dois amigos vivem em uma cidade no interior do estado do Rio de Janeiro. Estamos em 1961. Em uma tarde ensolarada de abril, Paulo abandona a aula maçante para ir ter com Eduardo em uma zona afastada da cidade, no meio do mato. À beira de um lago, os meninos encontram uma mulher caída, cruelmente dilacerada. Algumas facadas, o cheiro de sexo misturado ao de sangue, um seio extirpado.

A partir desse momento, que marcará para sempre suas vidas, Paulo e Eduardo iniciam uma investigação para encontrar o assassino da mulher. Suas descobertas, ao lado de um velho que encontram durante a saga, revelam múltiplos assassinos: uma sociedade hipócrita, políticos corruptos.

A busca de Paulo e Eduardo vai lhes custar, a cada um, o próprio destino. Estou falando do livro Se eu fechar os olhos agora, de Edney Silvestre. Mas mais do que discutir e desmascarar questões de uma sociedade enferma, o romance revela o sabor de uma amizade arrebatadora. Que se mantém intensa, ainda que se perca. E é isso, pelo menos pra mim, que transforma este livro em leitura obrigatória.

Uma resposta para “Se eu fechar os olhos agora

  1. _ce_lina_

    emocionante comentário, aguçou a curiosidade da leitura. E com tantos livros nas prateleiras, é cada vez mais difícil escolher …

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